Porto, 02 de junho de 2024 (Lusa) – O festival Primavera Sound retorna ao Parque da Cidade, no Porto, de quinta a sábado, com um cartaz predominantemente feminino, sem o palco dedicado à música eletrónica e uma prova real ao novo recinto estreado na edição do ano passado.
Na 11.ª edição do Primavera Sound Porto, o diretor do festival, José Barreiro, destaca em primeiro lugar o regresso de Lana Del Rey aos palcos nacionais. “Há mais de um mês que os bilhetes para esse dia estão esgotados, também devido a Justice”, mencionou em declarações à Lusa.
A cantora norte-americana, que lançará um novo álbum em setembro, e a dupla francesa atuam na sexta-feira, dia que inclui também Lambchop, The Last Dinner Party, Wolf Eyes, The Legendary Tigerman, Classe Crua e Samuel Úria, entre outros.
José Barreiro recordou que combinar “artistas consagrados com bandas com grande potencial de crescimento para os próximos anos” faz parte do ADN do Primavera Sound Porto, e que “a paridade entre homens e mulheres no cartaz é uma preocupação da organização”.
“Mais uma vez, temos um cartaz que acho que é maioritariamente feminino”, referiu.
Para isso contribuem os cabeças de cartaz do primeiro dia, três mulheres: SZA, PJ Harvey e Mitski.
“Quando começámos a tentar garantir a paridade no cartaz em 2017, era arriscado. O futuro veio dar-nos razão, porque atualmente é muito mais fácil [ter um cartaz paritário]. As grandes campeãs de vendas da indústria atualmente são mulheres”, afirmou José Barreiro.
Na quinta-feira, além de SZA, PJ Harvey e Mitski, atuam também no festival Amyl and The Sniffers, Royel Otis, Blonde Redhead, Ana Lua Caiano e Amaura, entre outros.
Este ano, o encerramento do Primavera Sound Porto fica a cargo dos Pulp e The National, num dia que inclui uma homenagem ao músico e produtor norte-americano Steve Albini, que faleceu a 8 de maio e esteve em todas as edições do festival com Shellac. No sábado atuam também, entre outros, Arca, Billy Woods, Expresso Transatlântico, Conjunto Corona, Joana Stenberg e Best Youth.
Este ano, as bandas e artistas distribuem-se por quatro palcos, em vez de cinco.
Essa é, aliás, “a única alteração significativa” no recinto. “Deixámos de fazer o palco Beats, o palco eletrónico, que realizávamos nuns pavilhões anexos ao Parque da Cidade”, referiu José Barreiro.
A organização deixou de poder alugar os pavilhões ao Sport Club do Porto, algo que “inviabilizou a elaboração de uma programação eletrónica, porque todas as soluções encontradas, a nível de ruído, afetariam muito a cidade de Matosinhos e a cidade do Porto”.
Em 2023, o recinto do festival aumentou de área, aproveitando as obras que a Câmara Municipal do Porto realizou no espaço, ligando o Parque da Cidade ao mar, e a música durou quatro dias, em vez dos habituais três, uma forma de comemorar as dez edições.
Em 10 de junho do ano passado, último dia da 10.ª edição, o diretor do festival afirmou à Lusa que aquele “não foi o ano ideal para testar estas alterações, por causa das chuvas” que caíram nos dois primeiros dias, criando zonas alagadas em frente ao palco principal, dificultando a circulação e permanência naquele espaço.
“As alterações do ano passado queremos testá-las este ano”, afirmou José Barreiro esta semana à Lusa, salientando que “o ano passado não é exemplo por causa da depressão Óscar, que afetou imenso o festival e transformou relvados em lamaçais”.
Apesar das previsões meteorológicas para este ano serem boas, ao longo do ano a organização fez intervenções no recinto.
“Fizemos obras que absorvem muito mais a água. Poços sumidouros, que absorvem a água injetando-a no subsolo e não à superfície. Apesar de estarmos mais preparados em caso de intempérie, esperemos que não seja necessário testar isso este ano”, referiu o diretor do festival.
Embora ainda haja passes de três dias à venda, José Barreiro conta que, “até abrir portas, o festival esgote, via fidelização de público e renovação de gerações”.
“Muita gente mais jovem está a comprar bilhetes, mas o grupo etário mais forte no Primavera continua a ser acima dos 40 anos”, disse.
A lotação máxima por dia é de 40 mil pessoas e os estrangeiros “representam mais de 50% das pessoas que compram passe”.
A maioria dos compradores estrangeiros vêm de Espanha e do Reino Unido, mas nos últimos anos a organização tem assistido a um crescente interesse dos norte-americanos pelo festival.
“Temos assistido nos últimos anos e confirmamos este ano o crescimento para o mercado norte-americano. Vamos ter cerca de mil norte-americanos no festival, o que é sinal de reconhecimento”, disse.
Todas as informações sobre bilhetes, horários e outros detalhes podem ser consultadas online, no site oficial do festival, em https://www.primaverasound.com/pt/porto.